Necessidades da criança em idade pré escolar

Necessidades da criança em idade pré-escolar

Fonseca, Vitor,2016

Resumo

O texto fala sobra a importância da educação e formação da criança e afirma: ”A criança é o pai do adulto”

A criança é um ser complexo em desenvolvimento, envolvendo simultaneamente componentes em cointeração. Componentes psicomotores, psicolinguísticos, cognitivos, socioemocionais. A infância é um período crítico de maturação neurológica e de transição dos processos de aprendizagem pre-simbolicos para os simbólicos.

O autor destaca: “ É importante ter a noção de que a criança é uma história dentro de outra história, uma filogenética da espécie humana, dentro da ontogenética da própria criança. ”

“No período da infância, a criança tem concluída em termos neuroevolutivos, a mielinização das zonas crossomodais e de áreas sensório motoras secundárias e simultaneamente já estão estruturadas as áreas de integração e de processamento de informação, que avançam consideravelmente para a diferenciação dos sistemas de aprendizagem”-Eclles,1989; Ajuriaguerra e Soubrain,1959.

Quais são as reais necessidades da criança em idade pré-escolar?

São quatro áreas-chave do desenvolvimento:

           Cognitiva

Psicomotora

Psicolinguística

Socioemocional

 Desenvolvimento Cognitivo:

Precisamos de um currículo cognitivo que respeite as fases do desenvolvimento da criança. O currículo cognitivo de proporcionar um conjunto de práticas que permitam promover os vários componentes e contextos do ato mental, isto é, input- integração/ elaboração-output.

De acordo com Piaget, a escolaridade pré-escolar corresponde exclusivamente ao pensamento pré-operacional, onde a criança demonstra sua intuição e disponibilidade para estratégias de ensaio e erro. É o momento da descoberta do jogo simbólico e da linguagem.

Segundo Gardner, “A criança em idade pré-escolar está em condições ideais para se introduzir um currículo cognitivo que a ensine a pensar e a aprender a aprender. ”

Desenvolvimento Psicomotor:

O desenvolvimento psicomotor é o processo que encerra a questão das relações reciprocas entre a motricidade e o psiquismo e a fenomenologia das emoções. O autor levanta a questão sobra a atenção. A atenção é o domínio postural e a autoconsciência de sua intenção na manipulação de objetos e situações.

Na infância encontramos a integração e a convergência simultânea dos processos integrados a seguir:

•   Desenvolvimento tônico-sinergético -maturação tônico-postural e tônico-emocional.
•    Segurança gravitacional-um melhor controle postural em uma equilibração estática mais econômica.
•  Reconhecimento posicional pessoal e espacial-demonstrando inequívocadominânciasensorial e motora e também melhor organização intra-hemisferica e inter-hemisférica
•      Somatognosia-melhor representação mental do corpo e do eu, confirmado em um desenho do corpo mais detalhado.
•     Planificação e organização práxica-organização construtiva e elaborativa do gesto intencional, permitindo á criança descobrir e transformar o mundo exterior.

Desenvolvimento psicolinguístico:

O desenvolvimento psicolinguístico é o enorme avanço na complexidade no vocabulário da criança, com uma produção articulatória inteligível e extensão fraseológica, expressando-se com frases cada vez mais completas, inclusive negativas e interrogativas.

Com um bom acervo linguístico a criança está pronta para a aprendizagem da leitura, escrita e cálculo.

É preciso levar em consideração que o potencial linguístico da criança, não depende só dos seus processos de maturação neurolinguística, mas também do envolvimento familiar e do envolvimento escolar nesse processo.

Desenvolvimento socioemocional:

A criança é um ser singular (intrapessoal) e plural (interpessoal). Na idade pré-escolar podemos facilitar o processo de aprendizagem concretizando a missão da escola através de ações que estimulem a reciprocidade afetiva constante, uma autoestima equilibrada, uma autossuficiência crescente e sociabilização com os parceiros e com os adultos. É importante também proporcionar uma competência lúdica e o respeito às regras e normas.

A construção da vida mental da criança precisa levar em conta que para pensar, ela precisa sentir. Essa dicotomia vai fazer parte de toda a sua vida, pelo que a aprendizagem naquele momento tem a ver com o papel das emoções na evolução dos processos psíquicos das aprendizagens simbólicas.

A criança aprende com o cérebro, porém, só pode aprender quando são respeitadas as propriedades sistêmicas do funcionamento do cérebro.

Algumas reflexões práticas para a criança em idade pré-escolar

Todos esses aspectos citados exigem da parte dos educadores uma boa formação profissional e as competências de observação dos alunos.

Com a democratização do ensino, é importante por em pratica uma democracia cognitiva que permita a todos aprenderem a ler, escrever e a contar de forma que se adaptam as revoluções tecnológicas do mundo moderno.

Um aspecto muito relevante também é desenvolver essas aquisições ou competências que são a transição para aprender com êxito de forma prazerosa, porque a aprendizagem sem prazer e segurança torna o processo muito complexo para a criança.

Na idade pré-escolar as diferenças são mais evidentes entre as crianças e é importante reconhecer e incentivar as inteligências múltiplas, que são: Linguística, Logico-matemática,  Visuo-espacial, Musical, Interpessoal, Intrapessoal, Quinestésico Corporal.

Então, torna-se necessário acesso a modelos clínicos para a educação pré-escolar. Também é importante uma educação e orientação aos pais. Há uma construção de processos simultâneos das crianças e das pessoas à sua volta e da comunidade em que está inserida.

Nesse ponto da comunidade, é importante garantir uma estrutura ecológica enriquecida para que a criança explore esse ambiente e natureza.

A educação pré-escolar precisa utilizar mais a modalidade sensorial tátil-quinestésica para a evolução da criança.

As crianças com dificuldade de aprendizagem merecem ser vistas a partir de uma visão global, dinâmica e otimista do seu desenvolvimento para se conseguir ajudá-las. Para ampliar essa visão, os autores Appelton, Clifon e Goldberg,1975 sugerem a seguinte lista de aptidões:

·       Pré-aptidões cognitivas

·       Pré-aptidões psicomotoras

·       Pré-aptidões psicolinguísticas

·       Pré-aptidões socioemocionais.

A criança não é uma tábula rasa sem conhecimentos prévios. Já na barriga da mãe aprendeu reflexos e se desenvolveu intrauterinamente e ao nascer aprendeu a ler o mundo a sua volta e com a ajuda mediatizada dos adultos, a criança pode atingir um nível de inteligência mais elevado (Vygotsky).

 O autor finaliza dizendo que o que fazem os educadores e todos que trabalham coma educação infantil realizam uma obra de transcendência impressionante. Cabe-lhes criar as condições para que as crianças tenham direito à cidadania em uma sociedade de informações.

Critica

“Uma criança competente não é necessariamente uma criança segura e estável. No sentido inverso, uma criança segura e serena não será necessariamente “um sucesso” em suas performances. Devemos olhá-las para além das nossas expectativas. [...]. Existe a criança que nos satisfaz e que nos dá prazer com seus bons resultados e existe aquela que satisfaz a si mesma encontrando segurança e alegria em suas realizações.” (Denys-Struyf)

Acredito que esse texto ilustra muito bem a importância da educação infantil e por isso reproduzo na íntegra.

‘’Tudo o que realmente vale a pena saber, eu aprendi no jardim de infância. ’’

Robert Fulghum

Tudo o que hoje preciso realmente saber, sobre como viver, o que fazer e como ser, eu aprendi no jardim de infância. A sabedoria não se encontrava no topo de um curso de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de todo dia.

Estas são as coisas que aprendi:
1. Compartilhe tudo;
2. Jogue dentro das regras;
3. Não bata nos outros;
4. Coloque as coisas de volta onde pegou;
5. Arrume sua bagunça;
6. Não pegue as coisas dos outros;
7. Peça desculpas quando machucar alguém; mas peça mesmo !!!
8. Lave as mãos antes de comer e agradeça a Deus antes de deitar;
9. Dê descarga; (esse é importante)
10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você;
11. Respeite o limite dos outros;
12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... desenhe... pinte... cante... dance... brinque... trabalhe um pouco todos os dias;
13. Tire uma soneca a tarde; (isso é muito bom)
14. Quando sair, cuidado com os carros;
15. Dê a mão e fique junto;
16. Repare nas maravilhas da vida;
17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.

Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e sofisticados e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu governo, ao seu mundo e vai ver como ele é verdadeiro, claro e firme. Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um cobertorzinho para uma soneca. Ou se todos os governos tivessem como regra básica, devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair. Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.

O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem souber ver.

A minha experiencia profissional incluiu 15 anos de educação infantil e é um tema de estudo que me encanta e por isso avaliei positivamente o capítulo sete (7) do livro Dificuldades de Aprendizagem.

Concluo minha resenha com a seguinte observação: Sabendo que os cuidados com a criança até os 3 primeiros anos de vida impactam sempre o seu desenvolvimento cerebral.  E sabendo que a ‘’Educação transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo “ (Freire, Paulo) e que a vida em família é a primeira escola das emoções” (Goleman, Daniel) afirmo que esses são os pilares do desenvolvimento infantil expostos de forma muito clara no texto do autor Vitor da Fonseca. Precisamos divulgar esses pilares para o maior número possível de educadores e pessoas que se importam com a educação.